Matopiba deverá ser o principal fornecedor de milho brasileiro para o México

Fonte Centro de Comunicação | Foto Marcelo Andrade/Gazeta do Povo

Todo ano, o México precisa importar entre 16 a 17 milhões de toneladas de milho amarelo – grão usado na alimentação do gado, de aves e suínos. Mais de 95% vêm de plantações ao norte, do outro lado da fronteira com os Estados Unidos (EUA). Mas os conflitos comerciais recentes levaram os mexicanos a buscar uma situação de menor dependência de um único fornecedor, e isso abriu oportunidades de negócio para o Brasil.

Em roteiro extraordinário de uma semana pelo México, a equipe da Expedição Safra do jornal Gazeta do Povo constatou que a região do MATOPIBA (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia) pode ser a principal beneficiada nas negociações para importação de milho.

De acordo com o jornalista Marcos Tosi, a região se torna mais viável para atender a essa demanda devido à sua posição geográfica. “O milho que é produzido no MATOPIBA escoa pelos portos do Arco Norte, que conseguem embarcar o grão com custo de transporte reduzido. Isso possibilita que os produtores da região se mantenham competitivos em relação ao milho fornecido pelos EUA”, explica.

Logística – Outro fator importante que tende a facilitar as relações entre os países é a ampliação do Porto Vera Cruz, que deve abrir espaço para mais cargas brasileiras. Com um investimento de 3,78 bilhões de dólares, a obra deve criar um hub marítimo, que irá facilitar a interligação da América Latina com o restante do mundo. “Eles terão uma logística ainda mais capacitada para receber cargas brasileiras. Isso possibilitará a entrada dos navios Panamax, de 70 mil toneladas. Inclusive, o primeiro Panamax que deve entrar lá pode ser de grãos do Brasil. Até o fim do ano uma carga de milho deve entrar nesse novo porto do Grupo Gramosa”, diz Tosi.

Soja – Com pouca produção própria no México, a soja também é um grão importante para o país. Atualmente, as importações ocorrem em sua maioria pelo EUA, mas a lógica de mercado abre oportunidade parecida à do milho. Somente nos últimos dois anos, a receita de exportação de soja brasileira para o México saltou de R$ 46 milhões para R$ 134 milhões, segundo dados do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (Mdic), levantados pela Expedição Safra.

Embarque de Carnes – Além dos produtos graneleiros, México e Brasil estão em negociação para a renovação da cota do embarque de carne de frango. Atualmente, o país é o décimo importador de frango brasileiro, sendo o destino de 111,2 mil toneladas em 2018, conforme informações da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA).

“Quando o México abriu suas cotas para importação de carne para outros países, o Brasil pegou quase 99% disso. Porém, a cota que deveria terminar no fim do ano se esgotou já em março. Então, o Brasil está negociando com eles a possibilidade de uma renovação desta cota de 300 mil toneladas que havia sido liberada anteriormente. O México, no entanto, tem falado em apenas 55 mil. Então os países seguem em negociação, pois o Brasil, que atendeu ao pedido do México para liberar o comércio de automóveis entre os dois países, que agora uma renovação da cota, além da retirada de tarifas sobre têxteis e calçados”, relata Tosi.

Roteiro Mexicano – A Expedição Safra esteve no México entre os dias 05 e 13 de maio e passou pela Cidade do México, por Querétaro, Veracruz e Puebla. Nestas regiões, a equipe visitou empresas e propriedades do agronegócio local, a Secretaria da Agricultura e Desenvolvimento Rural (Sagarpa), o Centro Internacional de Melhoramento de Milho e Trigo (CIMMYT), e o maior terminal logístico graneleiro do país, o Porto Vera Cruz. Todas as reportagens estão em www.expedicaosafra.com.br

Sobre a Expedição Safra – Um projeto realizado há 13 anos de forma ininterrupta, a Expedição Safra percorre as principais regiões produtoras de grãos da América do Sul, no início das atividades de plantio e, depois, na colheita, para apontar as tendências de cada ciclo. A edição da Expedição Safra 2018/19 é apresentada pelo Sistema Confea/Crea e Mutua. Com patrocínios da Caixa Econômica Federal, Sementes e Fertilizantes Castrolanda, Agrotec, Alta, Solaris e Sociedade Rural do Paraná. O apoio logístico é do Groupe Renault.

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