Jovens se tornam exemplo na sucessão rural

Fonte Portal do Agronegocio

 

 
Muitos encontram a chance de crescer profissionalmente, onde foram criados pelos seus pais e se tornam exemplo na comunidade, região ou país. Segundo levantamento do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), a taxa de permanência das pessoas no campo aumentou significativamente na última década. Alguns casos de rapazes e moças que enxergam a oportunidade e investem no meio rural explicam o porquê. Vamos conhecer um pouco da história do mineiro Túlio Madureira e da goiana Verônica Gomes.

Foi a partir da união do desejo de reinventar a produção tradicional queijeira, em Minas Gerais, e expandir o comércio para além das fronteiras do estado, que o Queijo do Gir, da Fazenda Pedra do Queijo, virou sucesso de comercialização. A receita foi resgatar a antiga técnica de maturação, que leva mais de uma ou duas semanas para o preparo do queijo fresco de casca lisa e massa branca, vendido na época a R$ 7. São cerca de 60 dias para produzir peças que são vendidas por até R$ 200.

“Redescobri como fazer o processo depois de várias conversas com pessoas idosas e muita leitura. Cada produto é único, artesanal, mais saboroso, de acordo com o gosto do produtor. Aqui na fazenda eu deixo a natureza agir e a realidade passou a ser outra. Estou muito feliz”, explica Túlio Madureira, de 30 anos, que está à frente desse trabalho na famosa região queijeira do Serro, em Minas Gerais.

A propriedade chega a produzir 20 peças por dia e o preço mínimo é de R$ 50. A mercadoria é enviada para outras cidades mineiras e já atingiu os comércios de São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília. Hoje, o jovem é vice-presidente da Associação dos Produtores de Queijos Artesanais do Serro (Apaqs), mas o início não fácil. Aos 17 anos, Túlio foi para Belo Horizonte fazer faculdade de veterinária, mas não conseguiu adaptar-se à realidade urbana. Depois de oito meses, preferiu retornar para a vida na fazenda. Mas ele tinha um grande desafio pela frente: a propriedade estava abandonada, devido à desvalorização do queijo e falência da família que já foi referência na pecuária da região.

Muitos duvidaram e até seus pais tiveram receio da empreitada, que há três anos passou a surpreender a todos. “Eu quis abrir mão da minha juventude e investir. Comprei um gado com o dinheiro que tinha e depois consegui trocar alguns pela raça Gir, que sempre fui apaixonado e tem um leite diferenciado. Plantei os pastos e eu mesmo tirava o leite e fazia o queijo. Tudo com a experiência que adquiri desde pequeninho acompanhando meu pai e depois em alguns cursos. Sempre gostei do trabalho na roça”, conta o empreendedor ao lembrar que foram quase dez anos de esforço até conseguir o reconhecimento que sonhava.

Como pequeno produtor rural, Túlio acessou duas vezes o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), da Secretaria Especial de Agricultura Familiar e do Desenvolvimento Agrário (Sead), que financia projetos para gerar renda no campo. No caso do Queijo do Gir, o Pronaf foi necessário para financiar a compra de pastagens e também a construção da queijaria: “A facilidade desse crédito, principalmente com juros baixos, ajuda a pagar, porque a rentabilidade da propriedade é muito pequena e é a longo prazo. Na propriedade tudo é demorado, por exemplo, uma vaca para parir. É impossível iniciar a atividade se não tiver recurso próprio. Isso melhora demais a nossa vida e também a economia da região”, afirma.

Jovem assume cargo na diretoria de cooperativa e se torna exemplo

Verônica Gomes, de 19 anos, trabalha na Cooperativa Mista de Agricultores Familiares de Luziânia (Cooperluz) há dois anos e desde o ano passado integra a diretoria, o que gerou mais vontade de crescer profissionalmente.

Auxiliar na produção de projetos, Verônica ajuda em todas as áreas de atuação da cooperativa e agora quer fazer uma faculdade à distância. A jovem acredita que um curso na área de gestão de pessoas vai fazer diferença no dia a dia da produção, que vem crescendo e agora vai atender o Distrito Federal.

Para ela, não haveria oportunidade melhor de emprego que não fosse ao lado da família. “A gente vê que na cidade a vida não é muito fácil. Aqui eu tenho mais estabilidade para crescer. O campo representa a certeza de um futuro melhor. Vejo a cooperativa se desenvolvendo e as pessoas reconhecendo nosso trabalho. Até meus primos mais velhos estão voltando”, explica Verônica.

Ela ainda reforça como a comunidade deve preservar o trabalho dos pais e o papel das políticas públicas para o fortalecimento da agricultura familiar. “É muito importante o jovem continuar o trabalho da família. Tenho orgulho de ver tudo ao redor e conquistar coisas boas pra gente. Tudo isso é possível com nosso esforço e os programas do governo. É um estímulo crescer e poder ajudar famílias que precisam ainda mais”.

A trajetória da Cooperluz soma mais de 25 anos. Nasceu de uma associação de agricultores familiares no interior de Goiás e com o sonho de comercializar a produção para fora do estado. Neste ano, foi alcançada a maior conquista: atender a capital do Brasil. Ao longo de 2017, seus produtos vão ser comercializados por meio do Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae), já que a cooperativa foi uma das selecionadas na chamada pública, realizada em dezembro pela Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal para a aquisição direta de gêneros alimentícios hortifrutigranjeiros da agricultura familiar.

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